Em São Paulo, Auditores discutem Meio Ambiente

 

Na manhã desta quarta-feira (25/8), último dia do II Encontro de Políticas Sociais, em São Paulo, o socioambientalista Carlos Lima e a geógrafa Regina dos Santos exploraram o tema meio-ambiente. Lima chamou atenção para o papel fundamental dos Auditores-Fiscais na fiscalização dos resíduos sólidos, relembrando as várias tentativas de exportação de lixo para o Brasil. “Felizmente foram descobertas pela fiscalização da Receita Federal do Brasil”, ressaltou.

O socioambientalista também abordou as injustiças ambientais cometidas com as comunidades quilombolas do Paraná. Ele relatou sua experiência junto às populações desses locais, que vivem da subsistência e que estavam sendo expulsas para dar espaço ao cultivo de pinus. “A plantação dessas comunidades (quilombolas) foi sendo extinta pelo cultivo deste tipo de planta, que, à medida que vai crescendo, destrói as plantações próximas", explicou.
 

“A consciência ambiental dentro do exercício profissional de vocês pode fazer toda a diferença para o resto do país. Vocês sabem quais empresas estão indo de encontro ao equilíbrio ambiental e devem ser alvo de fiscalização”, justificou Carlos Lima.

Regina dos Santos forneceu alguns dados relevantes para a discussão, como os referentes à redução da mata Atlântica. Segundo ela, atualmente, restam cerca de 7% da cobertura florestal original. “Há trinta anos, falar do meio-ambiente era considerado ‘perfumaria’. Hoje é sobrevivência”, avaliou Regina.

O esgotamento dos recursos hídricos também foi alvo das críticas da geógrafa. Para ela, em pouco tempo, a água será objeto de guerra, assim como ocorreu com o petróleo, que foi pano de fundo de algumas guerras, como a do Yom Kippur (1973), Irã-Iraque (1980-1988) e a do Golfo (1991).

Regina considera um equívoco a política de privatizações vivida há alguns anos e que resultou na venda da Companhia Vale do Rio Doce. “Como é que uma empresa daquele porte tem renúncia fiscal?”, questionou.

Ela ainda destacou o episódio que envolveu a patente do cupuaçu, que acabou virando símbolo da luta contra a biopirataria, a partir da tentativa dos japoneses de patentearem a fruta típica da Amazônia. “Enquanto ocorriam as negociações, a sobrevivência das mulheres da região Norte foi afetada, pois elas ficaram impedidas de vender o bombom de cupuaçu que era sua principal fonte de renda”, rememorou.

A geógrafa também criticou o racismo ambiental, caracterizado pelas injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre grupos étnicos vulnerabilizados e sobre outras comunidades discriminadas por sua origem ou cor. “A expulsão das populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas é um exemplo desse racismo ambiental”, afirmou.

À tarde, o grupo discutirá a atuação do Sindifisco Nacional como agente de transformação social. A participação do grupo foi bastante expressiva  e os participantes assumiram o compromisso de levar a discussão socioambiental para suas bases.

O Encontro está sendo promovido pelo Núcleo de Políticas Sociais formado pela DEN (Diretoria Executiva Nacional) e DS (Delegacias Sindicais) interessadas no assunto. 

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