Carrer: “Tenho 100% de certeza de que os três réus são os culpados”

Delegado da PF Ronaldo Carrer chega para mais um dia de depoimento

“A última coisa que quero na vida é fazer uma injustiça contra alguém. Não conhecia essas pessoas (réus). Não tenho nada contra elas. O que fiz (indiciamento) foi uma investigação”. A declaração é do delegado Ronaldo Carrer, que depois de 31 anos de polícia é o coordenador-geral de Polícia Fazendária, responsável por 70% das investigações feitas pela Polícia Federal.

Na época do assassinato do Auditor-Fiscal José Antônio Sevilha, ele era o delegado-chefe da PF em Maringá. Nesta sexta (6), quarto dia do juri popular, ele respondeu a perguntas do juiz Manfrin e dos representantes do Ministério Público Federal.

Carrer, que começou a depor ontem, falou detalhadamente sobre as provas que o levaram aos acusados: Jorge Talarico, policial civil que morreu na prisão, Wilson Rodrigues da Silva que nunca foi localizado, Fernando Ranea que seria o terceiro executor e está no banco dos réus junto com o mandante Marcos Gottlieb e Moacyr Macedo que trabalhava na importadora de brinquedos do empresário e teria apresentado ele aos matadores de aluguel.

O funcionário de um estacionamento próximo ao prédio da Receita Federal na cidade acabou sendo um importante aliado da investigação. É que a pedido de uma advogada que estava se sentindo ameaçando, ele passou a observar movimentações suspeitas. No dia do assassinato de Sevilha, 29 de setembro de 2005, ele notou a presença de três homens em uma Fiorino branca e anotou a placa. Ao saber do crime, entregou a anotação ao Auditor-Fiscal Decio Pialarissi, então delegado da Receita, que repassou à PF. A partir daí, a investigação conseguiu identificar os executores e fazer a ligação com o empresário.

O delegado desmontou o álibi apresentado pelos acusados de que eles estavam em Maringá no dia do assassinato para investigar uma funcionária de Gottlieb suspeita de furtar mercadorias a partir do rastreamento da localização dos celulares usados pelo executores. E também demonstrou que o empresário tinha conhecimento de que Sevilha iria cancelar o CNPJ da empresa Gemini em virtude de fraudes nos processos de importação. Para evitar a entrega das provas ao MPF, em reunião marcada para o dia 30 de setembro, determinou o assassinato para um dia antes.

A investigação apontou ainda que os acusados tentaram outras duas vezes fazer a emboscada contra o Auditor, inclusive furando o pneu do carro. Mas por algum motivo, as tentativas deram errado.

Mais cinco testemunhas devem ser ouvidas ao longo do julgamento. A expectativa é de que a decisão dos jurados só seja conhecida daqui a dez dias. 

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