Problemas emocionais são foco de seminário sobre humanização
Médico pós-graduado em Medicina do Trabalho, Arnaldo Hadad
Estresse, insônia, depressão. Problemas emocionais como esses – que fazem parte da rotina de profissionais que desempenham funções complexas, como Auditores-Fiscais – foram o mote da abertura do I Seminário de Humanização do Trabalho na RFB (Receita Federal do Brasil), na manhã de terça-feira (28⁄5), em São Paulo. O evento é promovido pelo Sindifisco Nacional em parceria com as DS (Delegacia Sindical) de São Paulo e Santos.
Na ocasião, o mestre em Direito e médico pós-graduado em Medicina do Trabalho Arnaldo Hadad apontou o uso do poder no serviço público como uma das causas do estresse e criticou o estatuto do servidor público federal que, na sua opinião, “abre espaço para que o chefe possa ‘controlar’ a sua equipe, e isso é um agente estressor muito grande porque toda a estabilidade que o servidor achava que tinha pode ficar ameaçada”, exemplifica.
Dentro da legislação que rege o funcionalismo púbico, Hadad mencionou ainda falhas no que diz respeito ao cuidado com a saúde. “Apesar de artigos que tratam do atendimento à saúde, só a partir de 2009, o servidor passou a ter direito a exames médicos periódicos”, disse.
O painelista elogiou a iniciativa do Sindicato em torno do debate. “Só vamos ter mudanças em prol do trabalhador se tivermos um sindicato forte. E só teremos um Sindicato forte com a ajuda de todos. O Sindifisco precisa ser prestigiado porque é ele que vai valorizar esse verdadeiro tesouro que são vocês, os Auditores”, disse.
Professora Leila Janot destaca que saúde mental é crucial ao trabalho dos Auditores
A professora doutora Leila Janot de Vasconcelos lembrou a pressão que o Auditor-Fiscal carrega ao exercer função que exige intelectualidade apurada e, portanto, boa saúde mental.
Considerado um dos fatores ligados ao desgaste emocional, o estresse foi apresentado pela professora como um dos responsáveis pelo mau funcionamento cognitivo. “É preciso atentar que a depressão é uma doença, e o desgaste a que as pessoas estão submetidas permanentemente nas relações de trabalho pode ser considerado como fator determinante de doenças como essa. As questões emocionais são lentas e silenciosas. Toda a doença mental engloba um conjunto de sinais e sintomas difíceis de diagnosticar e que precisam de atenção.”
De acordo com dados apresentados pela professora, os brasileiros ocupam o segundo lugar no ranking de pessoas estressadas no mundo, só perdendo para os japoneses.
Acompanhamento – Lembrando o número crescente de casos de doenças relacionadas à saúde dos Auditores-Fiscais, a painelista sugeriu ao Sindifisco Nacional a produção de uma pesquisa que relacione a saúde do Auditor às condições de trabalho. “Uma organização se faz de funcionários. Se não cuidamos deles, essa empresa está fadada ao fracasso. Da inquietação nascem as ações, e o Sindifisco vem fazendo a sua parte com a realização de eventos como esse”.
Ao final, os participantes tiraram dúvidas sobre temas como TOC (Transtorno Compulsivo Obsessivo), terapia cognitiva, entre outros.