Efeitos da mobilização são destaque na mídia

O Governo não admite, mas a imprensa desmonta a versão da RFB (Receita Federal do Brasil) de que a queda na arrecadação vem ocorrendo somente por causa da diminuição da atividade econômica. A informação sobre o adiamento do anúncio do corte de gastos no orçamento deste ano fez com que a mídia trouxesse à tona uma verdade irrefutável – a de que a mobilização dos Auditores Fiscais tem causado prejuízos bilionários ao país.

O Jornal da Band destacou que o movimento da Classe fez com que, no mês de janeiro, as autuações não ultrapassassem a casa dos R$ 6 bilhões. O resultado é 72% menor do que o registado em igual período de 2015, quando o total de autuações chegou a soma de R$ 21 bilhões. O veículo enfatizou que diante de mais um ano complicado na economia, nos bastidores já se admite que não vai ser fácil fazer um superávit de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagar os juros da dívida pública.

Com a matéria “Cortes no Orçamento vão afetar símbolos do governo petista”, o jornal O Globo on line noticiou que, mesmo já tendo definido o tamanho do corte, que deverá ficar no ordem de R$ 30 bilhões, o Governo resolveu adiar o anúncio da tesourada no orçamento porque teme que o sacrifício tenha de ser maior em decorrência da previsão de que a queda na arrecadação pode se aprofundar.

O Valor também deu espaço especial à notícia. Em sua edição impressa, o veículo resgatou os prejuízos já acumulados em 2015 quando, segundo apurou o veículo, a União deixou de arrecadar entre R$ 8 a R$10 bilhões por causa da redução do ritmo de trabalho dos Auditores Fiscais. O jornal ainda deu publicidade a outro dado preocupante, a de que o Sindifisco Nacional projeta para este ano cerca de R$ 33,6 bilhões de lançamentos em créditos tributários, em comparação com R$ 150 bilhões que haviam estimados para 2015.

O impasse entre o Governo e a categoria também foi abordado pelo impresso Correio Braziliense. O diário alertou que a situação tende a piorar, enfatizando que os Auditores Fiscais estão em Operação Padrão e que apenas 30% da fiscalização está sendo realizada. O jornal chamou atenção para a data da última reunião entre o ministério do Planejamento e a Classe, ocorrida no dia 21 de janeiro. Desde então, os Auditores Fiscais aguardam proposta oficial do Governo que pode colocar fim à mobilização e trazer de volta a normalidade dos trabalhos na Receita Federal.

De costas para a devida importância às reivindicações dos Auditores Fiscais, o Governo ignora uma das saídas que possui para enfrentar essa queda de arrecadação, uma vez que o percentual significativo dela advém da desmotivação dos Auditores, que não admitem mais ocupar a 27ª posição no ranking dos fiscos e ter a responsabilidade de fiscalizar e arrecadar 98% de toda a receita da União e 66% de toda a arrecadação do país.

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