Palestra colombiana impacta participantes do seminário

Relatos de Juan Ricardo impactaram os Auditores brasilerios e fiscais paraguaios

A descrição sobre o funcionamento dos núcleos do crime organizado e sua hierarquia na Colômbia e as condições das Aduanas daquele país surpreendeu os participantes do II Seminário Aduaneiro Internacional. A realidade da federação vizinha foi trazida pelo diretor-geral de Impostos e Aduanas Nacionais da Colômbia, Juan Ricardo Ortega Lopez, primeiro palestrante do 4º e último painel do evento, “A Aduana no Combate ao Tráfico Internacional de Drogas e Armas”.

O que mais impressionou os participantes foi a coragem que Juan Ricardo teve em expor como age o crime e como as Aduanas estão comprometidas com essas ações. A selvageria dos contraventores, segundo ele, deixa claro que não existem cabeças no crime, mas células, pois os grupos têm capacidade de regeneração sempre imediata.

“As teses apresentadas pelo Governo para o combate do crime organizado na Colômbia não vão avançar se não houver integração com outros países no enfrentamento do problema. A estrutura do crime acumula tanto dinheiro que penetra até mesmo a Administração do Estado. Há relatos de prefeitos que pavimentam trilhas para escoamento do tráfico”, relatou.

A estrutura, segundo sua explanação, é tão forte, que a sociedade já perdeu sua capacidade de questionar as irregularidades. No país, existem 65 Portos, 18 Aeroportos e 12 Espaços de Fronteira. Mas a capacidade de serviço é quase inexistente diante da precariedade das estruturas. É difícil, até mesmo, reconhecer a autoridade aduaneira. Há Aduanas feitas de madeiras, no meio da mata e, ainda pior, sobre as águas de rios

Os riscos vivenciados pelos fiscais colombianos marcou o último dia do seminário. O palestrante ainda tratou do perfil dos grupos de traficantes, sobre suas organizações, escolhas de rotas e outras variantes utilizadas pelos criminosos para o escoamento do tráfico.

José Renato Alves Gomes

2ª Região Fiscal – O chefe da Divisão da Vigilância Aduaneira da RFB (Receita Federal do Brasil) na 2ª RF (Região Fiscal), Auditor-Fiscal José Renato Alves Gomes, relatou que o tráfico de drogas é forte na região, tendo em vista a proximidade com a Colômbia , Peru e Bolívia, que são países produtores de cocaína. “Essa droga entra na segunda região e segue Brasil afora”, destacou José Renato.

Marcelo Rodrigues de Brito

Na mesma linha, o terceiro palestrante, o inspetor chefe da Inspetoria da RFB de Ponta Porã (MS), Auditor-Fiscal Marcelo Rodrigues de Brito, falou sobre como é a realidade da cidade que possui uma das principais fronteiras com o Paraguai, só ficando atrás de Foz do Iguaçu (PR). Ponta Porã, segundo o palestrante, está em uma posição de fluxo intenso de atividade econômica lícita e turismo, mas, junto com essas atividades, cresce também o ilícito.

“A realidade do combate ao tráfico de drogas, armas e dos outros ilícitos relacionados à fronteira é complexa, multifacetada e tem uma série de peculiaridades que só podem ser combatidas com a integração das forças de Estado. Esta, inclusive, já é uma definição de Governo, expressa na Operação Fronteira Blindada e no Plano Estratégico de Fronteiras. Temos de somar esforços e inteligência nesse serviço” , afirmou o palestrante.

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