Protesto marca segundo dia da Reunião Regional Americana

Um protesto das lideranças sindicais contra a demissão de oito mil funcionários públicos pelo governo chileno marcou o segundo dia da XVII Reunião Regional Americana da OIT (Organização Internacional do Trabalho), no Chile. Os diretores do Sindifisco Nacional Gelson Myskovsky (Defesa Profissional) e João Cunha (Relações Internacionais), que também é presidente da Frasur (Federação dos Funcionários da Arrecadação Fiscal e Aduaneiros do Mercosul), estão acompanhando a discussão. O encontro começou no dia 14 de dezembro e prossegue até amanhã (17/12).

Durante o pronunciamento do presidente do Chile, Sebastián Piñera, os representantes dos trabalhadores se retiraram do plenário em desagravo às demissões e em apoio à greve geral do funcionalismo chileno. O diretor-geral da OIT, Juan Somavia, apresentou o informe da Organização, cujo eixo central é a defesa do diálogo social tripartite entre empregadores, empregados e governos, com foco na busca de resultados que promovam relações de trabalho mais dignas.

Como presidente da Frasur, João Cunha da Silva, entregou à OIT um documento denunciando a implementação de políticas de terceirização e privatização nas áreas de fiscalização e aduana. Segundo ele, essas políticas têm resultado na precarização de serviços essenciais, no descumprimento de acordos salariais e na demissão de servidores públicos, especialmente, na Colômbia, Chile e Uruguai. A Frasur defende o direito de sindicalização do setor público, a implementação dos convênios da OIT e a promoção de normas sobre igualdade de gênero nos países da América Latina.

À tarde, no painel "As lições da crise – as políticas públicas e o papel dos interlocutores sociais para uma recuperação com trabalho decente", o ministro do Trabalho da República Dominicana, Max Puig, procurou demonstrar que crescimento econômico por si só não gera mais e melhores postos de trabalho.

De acordo com Puig, é necessário que haja um diálogo permanente entre patrões, trabalhadores, governos e sociedade e uma conexão entre as políticas econômicas, sociais e trabalhistas. Por sua vez, o representante do Departamento de Trabalho do governo norte-americano, Stanley Gacek, elogiou as políticas sociais, de investimentos e de aumento do salário mínimo adotadas pelo governo brasileiro, como forma de superar a crise econômica internacional.

Já no painel "Informe global sobre salários", foi apresentado o mais recente estudo da OIT sobre os salários no mundo. De acordo com o documento, os salários na América Latina cresceram apenas 14% na última década, bem abaixo da média mundial que foi de aproximadamente 30%.

O representante da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, disse que os governos e empregadores precisam aproximar seu discurso da prática, investindo efetivamente no aumento do salário mínimo e nas negociações coletivas que garantam avanços nas relações de trabalho.

Conteúdos Relacionados