Desprestígio medido em números

O alto índice de abstenções em Minas Gerais e Rio Grande do Sul do último concurso público, realizado dias 22 e 23 de setembro, para Auditor-Fiscal da RFB (Receita Federal do Brasil) acendeu uma luz amarela quanto ao prestígio do cargo dentro das carreiras públicas do Executivo e o futuro reservado ao quadro funcional da Administração.

Em Minas, o número de faltosos chegou a 50%, enquanto que no estado gaúcho alcançou os 42%. A própria Esaf (Escola de Administração Fazendária), organizadora do concurso, considerou alto o percentual de abstenções entre os inscritos. Neste processo seletivo, 200 vagas foram reservadas ao preenchimento dos cargos em todo o país.

Tal fato denota que o cargo de Auditor está perdendo o prestígio conquistado ao longo dos anos por parte dos que antigamente disputavam o posto de uma das carreiras mais distintas do Executivo.

A falta de interesse nos concursos para a RFB (Receita Federal do Brasil) tem suas causas e consequências. A primeira remete à baixa atratividade oferecida ao concursado aliada a um alto grau de complexidade das funções exercidas. A segunda diz respeito à desvalorização histórica salarial comparada a outras carreiras típicas de Estado. Sem contar as condições em que o recém-empossado, tendo realizado um dos concursos mais difíceis do país, assume suas funções laborais. Grande parte deles segue para áreas inóspitas, de difícil acesso, consideradas de risco e sem garantia de segurança.

As consequências da “baixa” nos concursos promovidos para Auditor-Fiscal são a fuga de servidores mais brilhantes e mais preparados intelectualmente para as outras carreiras, o que poderá vir a desqualificar o corpo funcional da Administração.

Ou seja, a alta abstenção no concurso da Receita pode ser uma resposta à falta de reconhecimento que o Governo dá ao trabalho dos Auditores-Fiscais. E essa atitude já está se transformando em uma roda viva que respingará no próprio Estado se nada for feito. 

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