Morte de Auditor em Itajaí pode ser reflexo de pressão

Despreparo, descaso e abandono. Essa é a situação com a qual se deparam, infelizmente, os servidores da RFB (Receita Federal do Brasil) – em especial, os Auditores-Fiscais, no que diz respeito a sua saúde. A constatação foi feita pelo diretor de Defesa Profissional do Sindifisco Nacional, Dagoberto Lemos, que nessa terça-feira (6/7) visitou as dependências da DRF (Delegacia da Receita Federal do Brasil) em Itajaí (SC). Na localidade, ocorreu na última semana de junho o falecimento de um Auditor-Fiscal em circunstâncias que, à primeira vista, poderiam ter sido evitadas.

O Auditor, segundo apurado, era portador de doença cardíaca grave e se encontrava sob forte estresse emocional. Ao ausentar-se da repartição por um dia, em virtude dessas circunstâncias, ficou sujeito ao corte de ponto, vindo a falecer na manhã seguinte em função de problemas cardiovasculares.

Em reunião com Auditores da unidade, Dagoberto verificou que nenhum exame periódico de prevenção foi realizado em mais de 10 anos. Além disso, muitos  colegas estão sob situação de estresse constante em virtude de excessiva carga de trabalho e das instalações físicas precárias. A situação é mais grave na Aduana, que funciona em um prédio privado construído pela empresa Teconvi, junto ao porto de Itajaí. Lá, a RFB divide um andar com outros setores da empresa. A maioria das salas é ocupada por vários Auditores e não possui janelas. Queixas de pressão alta são muitas e não existe sequer um aparelho para aferir a pressão arterial.

A situação em Itajaí não é diferente do que ocorre no resto do país. De forma patética, a administração relega a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida dos Auditores a um plano tão inferior que beira, muitas vezes, à negligência, o que, indiscutivelmente, traz consequências desastrosas à produtividade e à satisfação no ambiente de trabalho.

Ao contrário do que hoje é prática comum nas empresas privadas, nenhuma atenção é dada à prevenção do aparecimento de doenças físicas e psicológicas. Lamentavelmente, a Cogep (Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas) se limita a enviar pelo sistema de correio eletrônico mensagens relacionadas a tópicos pontuais na área da saúde, não adotando atitudes práticas para solucionar os problemas. É muito pouco para uma instituição como a RFB.

O Auditor falecido em Itajaí tinha pouco mais de 40 anos e deixa três filhos e esposa. A administração e os colegas da unidade sequer tinham conhecimento de seus problemas médicos. Isso precisa mudar. Não é possível admitir que seres humanos com quadros físicos e psicológicos graves sejam deixados expostos a situações de estresse e risco sem qualquer acompanhamento por parte daquele que ocupa o polo patronal. Isso precisa mudar e com urgência.

A Diretoria de Defesa Profissional do Sindifisco pretende visitar as unidades da RFB para traçar um perfil dos problemas existentes. Um calendário de visitas será elaborado e aquelas localidades com maiores problemas podem entrar em contato com o Departamento de Defesa Profissional para agendar os encontros.

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