Confira entrevista concedida pelo presidente à TV Senado
No dia 24 de fevereiro, o presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, concedeu entrevista ao programa Agenda Econômica, da TV Senado, e abordou, entre outros assuntos, a alta carga tributária que pesa sobre os contribuintes brasileiros e o sistema tributário regressivo, que exige mais de quem ganha menos e menos de quem ganha mais.
O presidente do Sindicato explicou que a carga tributária brasileira, que é de 35%, não pode ser comparada a de outros países como a Suécia e os Estados Unidos, onde é de 40%, pelo fato de esses lugares serem países se encontrarem no rol dos países desenvolvidos. “O Brasil ainda é um país por se construir. A população não tem noção do valor elevado da devolução da arrecadação. Ano passado, por exemplo, 39 milhões de pessoas foram beneficiadas por programas de transferência de renda. Foram R$ 257 bilhões que foram levados de volta às pessoas, através de benefícios de Previdência e de programas como o Bolsa Família. Mas o Brasil ainda tem altas taxas de analfabetismo e pobreza. Não dá para compará-lo com países construídos”.
Indagado sobre se existiria uma faixa ideal de arrecadação, Delarue disse estar certo de que o sentimento geral é de que a carga tributária já chegou ao seu limite. Para ele, a RFB (Receita Federal do Brasil) deveria trabalhar agora em cima do combate à sonegação e não aumentar a carga tributária através de impostos ou de alíquotas. Ainda segundo Delarue, a melhoria da distribuição do que é arrecadado também deve ser foco de interesse da Receita.
O presidente do Sindifisco também falou do sentimento de descrença da população, que é motivado pelo fato de os mais pobres pagarem mais tributos se comparados, proporcionalmente, aos mais ricos. Para corroborar isso, ele citou um estudo que demonstra que a carga tributária para os brasileiros mais pobres chega a 48%, enquanto que para os mais ricos é de 25%. “Apesar de a carga tributária global ser de 35%, cada um tem a sua própria carga. Então, como é que se equaliza isso?”, questionou o presidente.
Delarue destacou que enquanto na maior parte dos países, a incidência maior da tributação é sobre o patrimônio e a renda, no Brasil, 70% é sobre o consumo. Por isso, defendeu a mudança do atual modelo, a fim de se alcançar a justiça fiscal e social.
O sindicalista ainda falou sobre as metas ambiciosas de arrecadação que os Auditores têm e o foco deles no combate à sonegação. A mira nos grandes contribuintes também foi abordada. O entrevistado falou sobre a criação de Delegacias Especializadas que terão Auditores-Fiscais altamente treinados para detectar onde começa o planejamento tributário e onde começa a sonegação de empresas cada vez mais especializadas em elisão fiscal.