Major Olimpio, uma história de amor e compromisso com a Receita Federal
Não é possível contar a história recente da Receita Federal e dos Auditores-Fiscais sem falar do Major Olimpio. Com sua energia e carisma tão peculiares, ele esteve presente em todas as grandes batalhas travadas pela classe e pela instituição ao longo dos últimos anos. Combatente incansável, amigo dedicado, parceiro leal, nunca abandonou a trincheira, mesmo nos momentos de maior desânimo e exaustão da classe.
Talvez não seja exagero afirmar que nenhum dos milhares de parlamentares que já passaram pelos gabinetes do Congresso Nacional, em toda sua história, teve maior discernimento e percepção da importância da Receita Federal para a construção de uma nação mais próspera, mais equilibrada e mais justa. E foi dessa constatação que nasceu o compromisso do Major com a administração tributária e com os Auditores-Fiscais. Compromisso firmado em convicções, em princípios sólidos, algo tão raro na política de hoje.
Já em 2015, ainda debutando na Câmara dos Deputados, o Major demonstrou sua lealdade à classe e à Receita Federal, ao defender de forma aguerrida a nossa inclusão no texto da PEC 443. E o fez por absoluta convicção, não por cálculo político, já que a classe não era, até então, parte do seu nicho eleitoral. O resultado infelizmente foi desfavorável: o destaque que incluía os Auditores precisava de 308 votos, mas obteve apenas 269.
Isso não arrefeceu o comprometimento dele com a classe. Um ano depois, em 2016, durante a tramitação do PL 5864, tornaram-se célebres os seus embates com o relator do projeto, o deputado Wellington Roberto, na comissão especial. Após a divulgação do relatório substitutivo, uma peça desastrosa que atacava todos os fundamentos de sustentação da Receita, o Major disparou: “Esse substitutivo está desmontando a Receita”. Wellington Roberto rebateu: “Você está faltando com a verdade”. Quando o painel de votação abriu, mais um revés. Relatório aprovado por 16 a 13.
Olimpio não se deixou abater e, desde então, aproveitou todas as oportunidades que teve para estreitar os laços e enaltecer a classe. O fortalecimento da Receita Federal transformou-se em um dos seus principais flancos de luta. Virou “irmão postiço” dos Auditores-Fiscais, como ele mesmo costumava dizer. Mas é como se esse irmão postiço tivesse sempre estado ali, de mãos estendidas, permanentemente pronto a dar o seu sangue e o seu suor pela causa.
Na sessão do Senado que votou a PEC 186, há duas semanas, ele deu nova demonstração desse compromisso – a mais desconcertante de tantas e tantas demonstrações ao longo desses sete anos de caminhada. Recém internado, deitado numa cama hospitalar, com a voz bastante debilitada, em contraste marcante com a postura enérgica a que todos estávamos acostumados, ele entrou na transmissão e pediu a palavra para, pela última vez, mostrar o seu zelo e apreço por nossa instituição. “Eu gostaria de dizer também que tô pedindo o apoiamento para manutenção do fundo da Receita Federal…”. Foram suas últimas palavras em público. A conexão de rede falhou e ele não conseguiu voltar para concluir o discurso.
Depois de enfrentar tantas batalhas, vivenciar derrotas e vitórias ao lado dos Auditores-Fiscais, o Major não pôde estar presente para assistir ao maior triunfo da Receita Federal no Congresso nos últimos anos: a preservação das vinculações constitucionais, que mantêm a instituição de pé. Ele tivera um papel crucial para conscientizar inúmeros congressistas do absurdo que estava para ser feito e lhe devemos o tributo dessa vitória. Mas não só isso. Devemos também a ele o resgate de uma parte da nossa autoestima, da nossa autoconfiança, do nosso reconhecimento enquanto classe e instituição.
Ele nos apontou o caminho e, apesar da dor enorme por sua partida precoce, a maior homenagem que podemos lhe fazer é seguir o seu exemplo e jamais desistir de lutar por uma Receita Federal mais forte e por um país mais justo e decente.
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Nota:
Desde quinta, a página principal do site do Sindifisco está em preto e branco, e permanecerá assim ao longo da semana. Essa é a nossa “bandeira a meio mastro” em memória do Major.
Abaixo, reproduzimos o momento em que ele foi ovacionado quando chamado para integrar a mesa durante a cerimônia de posse da Direção Nacional, em 2019 e, na sequência, a íntegra do discurso que ele fez na oportunidade.