Julgamento segue com interrogatório do acusado de mandar matar Sevilha

O segundo interrogatório começou na manhã desta segunda-feira (17) com o réu acusado de mandar assassinar o Auditor-Fiscal José Antonio Sevilha, o empresário dono da empresa Gemini. Diferentemente do primeiro réu ouvido, que se reservou ao direito garantido pela Justiça de responder apenas perguntas dos jurados e do seu advogado, o depoente concordou em também esclarecer indagações do Ministério Público Federal, do juiz e do assistente de acusação contratado pelo Sindifisco Nacional.

O dia foi praticamente destinado a questionamentos apontados pelo juiz Cristiano Manfrin, que levou o réu a contar sobre sua história pessoal e profissional até chegar aos fatos que interessam ao conselho de sentença.

Dentre eles, o motivo pelo qual o levou a contratar três homens, mais tarde apontados pela Polícia Federal como sendo os executores da morte do Auditor-Fiscal. Na versão do acusado, eles estiveram em Maringá em várias ocasiões para investigar funcionários, mais especificamente a gerente da empresa, por possíveis desvios de carga.

Em vários momentos, o réu foi indagado sobre situações já comprovadas nos autos, inclusive por outros réus, mas se esquivou de responder ou deu respostas vagas. Uma delas, por exemplo, está relacionada ao registro do aluguel de um carro Celta, em seu nome, que foi visto estacionado próximo ao prédio da Receita Federal dias antes do crime.

Segundo ele, o veículo foi alugado para investigação dos episódios suspeitos vinculados à sua empresa. Vale lembrar que o mesmo carro foi reconhecido por uma testemunha, o funcionário do estacionamento próximo do prédio da Receita, que desconfiou da atitude suspeita de três homens que estavam no local. O mesmo trio apontado como sendo o contratado para matar a vítima.

Outra situação levantada pelo juiz foi sobre o motivo das ligações feitas por um dos réus, acusado de intermediar o contato do empresário com o líder dos executores, nas três datas em que estiveram em Maringá, incluindo a noite do crime. O depoente se limitou a dizer que ele é advogado e um amigo de longa data e que o ajudava nas questões administrativas da Gemini, sendo, portanto, responsável por tratar de questões como a que envolvia supostamente a investigação sobre desvios na empresa.

O Ministério Público Federal começou as arguições questionando novamente sobre o aluguel do carro Celta, que seria usado para seguir a rotina da gerente da Gemini, mas que, curiosamente foi retirado da locadora pelo marido da funcionária, que também trabalhava na fábrica. Indagado se não seria incoerente a situação, levantando possível suspeita do marido da funcionária investigada, o réu esclareceu que achava o caso perfeitamente normal e que passaria despercebido pelo fato de o veículo ser popular nas ruas da cidade.

Apesar disso, o interrogado confirmou, em uma de suas narrativas, a reunião ocorrida entre ele, a esposa, a gerente da Gemini e um contador da empresa em que foi aventada a possibilidade de oferecer propina no valor de R$ 200 mil ao Auditor-Fiscal. Ele admitiu ainda que, à época, sua mulher havia usado a expressão “só matando”, ao mencionar Antonio Sevilha na conversa do grupo, mas que foi uma fala usual e que hoje está sendo mal interpretada.

O interrogatório do réu continua na manhã desta terça-feira (18) por parte da promotoria e da acusação. Estão sendo julgados o empresário apontado como mandante do assassinato do Auditor-Fiscal José Antonio Sevilha, o homem apontado como executor, e o advogado e amigo do empresário, que teria intermediado o contato entre os dois. A investigação da Polícia Federal apontou outros dois executores: um deles morreu na prisão e o outro nunca foi localizado.

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