José de Jesus deixou o Fórum sob aplausos de Auditores-Fiscais e da sociedade
Depois de uma hora do início do julgamento, o Auditor-Fiscal José de Jesus Ferreira deixou o edifício da Justiça Federal do Ceará, em Fortaleza, na terça-feira (23), na companhia da família e de seus seguranças particulares. Emocionado, falou como foi estar frente a frente com o iraniano Farhad Marvizi, acusado de ser o responsável pelo atentado que o alcançou em dezembro de 2008.
Do lado de fora, dezenas de Auditores-Fiscais do Ceará e de outros Estados o aguardavam para prestar solidariedade e chamar a atenção da sociedade e do Estado para a falta de segurança funcional, sobretudo, para o descuido das autoridades com aqueles que combatem o crime organizado.
O presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, está acompanhando o julgamento. Os diretores de Administração, Ivone Marques, e o de Relações Intersindicais, Rafael Pillar, também vieram ao Ceará por ocasião do ajuizamento. O presidente da DS (Delegacia Sindical) Ceará, Marcelo Maciel, chegou cedo ao fórum para recepcionar José de Jesus.
A vítima, atualmente, vive em uma espécie de “prisão domiciliar”. Há informações de que há uma quadrilha chefiada pelo réu ainda em atuação na cidade. José de Jesus anda em carro blindado, sempre na companhia de seguranças. Mesmo diante de tais circunstâncias, afirma que lutará por justiça até que todos que atentaram contra sua vida sejam condenados.
“Não posso sair à rua, estar em locais abertos, porque corro o sério risco de ser assassinado. Não sei quantos bandidos desta organização criminosa ainda estão nas ruas. Mas com a fé, com o apoio do Sindicato, da Delegacia Sindical local e da Executiva Nacional, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, chegamos ao julgamento e esperamos que a vontade dos jurados seja pela condenação do acusado, e, posteriormente, que venha a juízo os demais membros do grupo”, disse José de Jesus.
A vítima disse acreditar na consciência dos jurados e, segundo ele, os autos não deixam dúvidas sobre a autoria do crime e da necessidade de condenação máxima para Marvizi. Depois de conceder entrevista aos veículos que acompanham o julgamento, José de Jesus foi aplaudido e recebeu o cumprimento até mesmo de populares, que acompanham o desenrolar do crime pela imprensa.
A motivação do crime, segundo a investigação da Polícia Federal, ocorreu em decorrência da atuação do Auditor-Fiscal, na época, chefe da Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho.
Ao iraniano foram atribuídas pelo menos 10 mortes. Três dos casos já têm processo em andamento para realização de júris populares na Justiça Estadual. Farhad Marvizi tem seu nome citado em pelo menos 17 investigações por diferentes crimes.
Segurança – Marvizi chegou ao prédio da Justiça Federal do Ceará às 7h sob um forte aparato de segurança do sistema penitenciário federal e da Polícia Federal que o conduziu até o 5º andar do edifício onde acontece o julgamento. Seu rosto sequer foi visto pela imprensa que o aguardava.
José de Jesus chegou à Justiça Federal na companhia da família e seus seguranças. Caminhou pela rua, subiu a rampa do prédio e escada sem muito falar. Ao mesmo tempo, também chegaram dois dos advogados contratados pelo Sindicato para atuarem junto à sua defesa.
A chegada dos dois, vítima e réu, foi uma demonstração que ratifica as palavras dos sindicalistas de que não há nenhuma política de segurança em prol do servidor público – o Estado deu guarda a Marvizi, sem resguardar a vida daquele que em razão do cumprimento de seu dever, em prol do Estado, continua à mercê do crime.
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