Joaquina Maria: a “dama de ferro” da Receita
"Se meus críticos me vissem andando sobre as águas do Tâmisa, diriam que é porque eu não sei nadar". Era assim que Margaret Thatcher, antiga primeira-ministra britânica, se defendia de acusações contra sua gestão no Reino Unido. Foi com a mesma determinação de espírito que a cearense Joaquina Maria Thomas Ribeiro Ramos, apelidada de “Thatcher” brasileira, enfrentou os mais céticos durante a carreira.
Em 1981, assim que entrou para a RFB (Receita Federal do Brasil) se mudou para Recife (PE), 4ª RF (Região Fiscal). À época, Joaquina mal devia saber que faria história na Receita, com sua colaboração na reestruturação da legislação aduaneira, uma área reconhecidamente problemática e complexa.
A Auditora lembra que o trabalho foi árduo, mas destaca que tudo que fez na carreira foi sempre gratificante, inclusive a atuação na formação de tantos Auditores que hoje se destacam em cargos de chefia por todo o país, já que a graduação em Letras da Auditora a levou a lecionar no curso de formação da Esaf (Escola de Administração Fazendária).
Em 1990, Joaquina se tornou a primeira inspetora da RFB. Um desafio assumido com segurança, já que ela tinha sido assistente de inspetor. Subordinados a ela estavam os homens lotados no Aeroporto do Recife e no Porto de Suape que, logo, lhe deram o apelido de Margaret Thatcher.
Mas a nossa "Dama de Ferro" não precisava ser tão inflexível como a do Reino Unido, era firme, mas talvez tenha trazido para sua gestão a doçura da professorinha e a persuasão adquirida no curso de Direito (segunda graduação).
E hoje, apesar de já ter tempo para se aposentar, a Auditora continua se dedicando à Receita. Concluiu recentemente um mestrado em Comércio Exterior, na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e atua na Divisão de Administração Aduaneira.
O gosto pela Aduana parece claro pela trajetória da Auditora. Em Buenos Aires, chegou a fazer, inclusive, um curso pela OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a área de livre comércio. Já a formação em Direito, lhe rendeu alguns bons julgamentos na área de comércio exterior da DRJ (Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento), onde passou seis anos.
A mãe de três filhos e avó de seis netos não se lembra de ter enfrentado problemas por ser uma mulher trabalhando em um ambiente predominantemente masculino como a Receita, talvez porque estivesse ocupada demais, justamente trabalhando.
Mas nem só de trabalho vive essa dama. Para recarregar as baterias, ela se deleita com o curso de italiano, as aulas de pilates, idas ao cinema, os dias de folia do carnaval do Recife e as viagens em família.
Próximo destaque – A próxima entrevistada da série em homenagem ao Mês da Mulher será Catherine de Assunção Costa, Auditora da 3ª Região Fiscal.
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