Ajuste mantém benefícios e penaliza trabalhadores
Dentre a série de medidas que o Governo tomou para trocar o déficit previsto no orçamento por superávit primário, as mais perniciosas atingem os servidores públicos e a classe média. Seguindo à risca a surrada cartilha liberal, impensável para um partido que se diz de trabalhadores, o pacote do Governo cai sobre a cabeça da classe trabalhadora do país.
Novamente, aqueles que se servem deste país há 500 anos passaram ao largo do ajuste fiscal proposto. As elites, o mercado financeiro, os setores mais abastados agradecem mais uma vez.
Nem uma palavra sobre o fim da isenção na distribuição de lucros e dividendos, benefício vergonhoso que só existe no Brasil e na Estônia. Nada sobre a progressividade na tributação das heranças e das transações inter vivos, que poderiam beneficiar estados e municípios. Nem uma linha sobre a tributação de IPVA sobre iates, lanchas, jatinhos e helicópteros.
Num momento em que a OCDE aponta o Brasil como um dos países mais atrasados no que se refere à autonomia do seu Fisco, nem uma menção ao combate à sonegação.
Por outro lado, mais uma vez os funcionários públicos são chamados a pagar a conta, com reajustes postergados e – um verdadeiro tiro no pé – com o fim do abono de permanência, que levará cerca de 200 mil servidores, sem nenhum estímulo, a solicitarem aposentadoria nos próximos anos, sacrificando ainda mais a população, uma vez que também estão suspensos os concursos públicos.
Banqueiros comemoram, o dólar cai, o mercado agradece. O povo? Ora, quem se importa?
O Sindifisco se importa, e não cessará de chamar a atenção da sociedade para a eterna exploração da qual é vítima, sob o manto da proteção de um investimento privado que nunca se concretiza.
Os Auditores Fiscais estão prontos para fazer a sua parte, combatendo de forma eficaz a sonegação, a corrupção, o contrabando, o tráfico de armas nas fronteiras. O verdadeiro investimento que o Governo tem que fazer, aquele que de fato trará retorno, é na Receita Federal e na valorização das suas autoridades fiscais.