Auditora Lúcia Cristiane fala sobre trabalho em aduana

Há 19 anos na RFB (Receita Federal do Brasil), a Auditora-Fiscal Lúcia Cristiane Ribeiro já passou por vários setores, inclusive a aduana, em Salvador (BA). Lúcia não está mais na aduana, mas lembra bem do trabalho como aduaneira. “Para as mulheres que desempenham atividades na área externa é necessário ter uma postura firme, segura e profissional”, alerta a Auditora.
A entrevista dela faz parte da série de entrevistas realizadas pelo Sindifisco Nacional em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

Sindifisco – Qual a atividade desempenhada?
Lúcia Cristiane –
Trabalho no controle e acompanhamento do crédito tributário.
 
Sindifisco – O que a motivou a ingressar na carreira?
LC –
Diria que a busca pela segurança e estabilidade do serviço público unidos à imagem da Receita Federal, bem como o valor do salário ofertado.

Sindifisco – O fato de ser mulher é uma dificuldade para a ascensão na carreira?
LC –
Até o presente momento, e considerando os locais que trabalhei, não senti que o fato de ser mulher pudesse ter sido barreira para uma possível ascensão.

Sindifisco – Qual a sua avaliação a respeito do ingresso da mulher no mercado de trabalho, especialmente na carreira de Auditoria Fiscal?
LC –
Atualmente, apesar de ter diminuído, na iniciativa privada ainda existe preferência pelo sexo masculino. A mulher precisa mostrar conhecimentos superiores ao que normalmente se cobraria do homem para ser reconhecida e aceita na vida profissional. Na carreira de Auditoria Fiscal, pelo ingresso ser feito através de concurso público, não existe esse tipo de interferência. Posteriormente, talvez interfira quando de uma possível ascensão.

Sindifisco – Qual foi o maior desafio enfrentado até agora, no desempenho de suas funções? A senhora reputa a isto o fato de ser mulher?
LC –
Alguns anos trabalhei no despacho aduaneiro, no desembaraço de bens e mercadorias. Durante a etapa de conferência física, pelo fato de o local ser um ambiente formado basicamente por homens e a Receita Federal estar sendo representada naquele momento por uma mulher, sentia que meus conhecimentos, minhas decisões eram testadas a todo momento. Percebi a necessidade de ter uma postura firme e fundamentada.

Sindifisco – A aduana passa a impressão de ser um ambiente masculino. Isso é uma realidade? Como se impor nessa situação?
LC –
Acontece que quando se pensa em aduana, inevitavelmente, associa-se a navios, cargas, container, descarga, armazéns, etc. Esses elementos, digamos “pesados”, não combinam com a imagem “frágil” da mulher. Considerando a área portuária, realmente, é um ambiente com predominância masculina. Porém, para quem trabalha em atividades que são desenvolvidas internamente isso não faz muita diferença. Já para as mulheres que desempenham atividades na área externa é necessário ter uma postura firme, segura e profissional.

Sindifisco – Como conciliar a vida profissional com a pessoal?
LC –
Depende muito do momento que se está vivendo. Alguns são mais complicados que outros. Acho que é importante existir compromisso, responsabilidade e respeito pelo trabalho e familiares para que nenhum lado fique prejudicado.

Sindifisco – Qual o segredo para se destacar em um ambiente ainda tão masculino como a RFB?
LC –
Como princípio, independentemente do gênero, é necessário desenvolver suas atividades com responsabilidade e compromisso para com a Instituição e a sociedade. Para as mulheres a cobrança é feita em um grau maior. Exige-se mais de sua competência do que se exigiria de um homem.

Sindifisco – Qual sua mensagem para as mulheres neste momento em que se celebra o Dia Internacional da Mulher?
LC –
"Quem não sabe aceitar as pequenas falhas das mulheres não aproveitará suas grandes virtudes" (Khalil Gibran)

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