Com “jeitinho”, Andrea Ximenes comanda ambientes masculinos

A Auditora-Fiscal Andrea de Almeida Rocha Ximenes faz parte dos quadros da RFB (Receita Federal do Brasil) desde 1986. Ingressou no órgão quando ainda tinha 19 anos, ou seja, não conhece vida profissional além da RFB. No entanto, Andrea Ximenes, que é formada em psicologia, só se tornou Auditora-Fiscal em 2002, após ser aprovada em concurso público. Atualmente, a Auditora chefia a Coape (Coordenação de Administração de Pessoas), um dos “braços” da Cogep (Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas).
Nesta entrevista, que integra a semana de homenagem à mulher, Andrea Ximenes conta o “segredo” do seu sucesso: dedicação e serenidade .

Sindifisco Nacional – Há quanto tempo você ingressou na carreira Auditoria Fiscal?
AX –
Estou na RFB desde 1986, paralelamente, fiz o curso de psicologia. Mas nunca exerci a profissão formalmente. Em 2002, fiz o concurso para o cargo de Auditor-Fiscal, era o caminho natural dentro da minha trajetória na Receita. Eu vi a Cogep nascer.

Sindifisco Nacional – O que a motivou a seguir esta carreira?
AX –
A principal motivação para fazer o concurso da Receita foi a estabilidade oferecida.

Sindifisco Nacional – Qual foi o maior desafio enfrentado até agora, no desempenho de suas funções? A senhora reputa a isto o fato de ser mulher?
AX –
Nunca encontrei dificuldade dentro da RFB por ser mulher. Até porque a maioria do quadro da área de Gestão de Pessoas é do sexo feminino. Os desafios foram muitos. Com a criação da Cogep, assumimos a folha de pagamento dos servidores da RFB. Depois tivemos que montar e desmontar a estrutura nos sistemas de recursos humanos da primeira versão da Receita Federal do Brasil, que teve vigência apenas entre os meses de agosto a novembro de 2005. Por último, a partir de maio de 2007, com a criação da atual RFB, montamos novamente toda a estrutura do órgão nos sistemas e recebemos em nossas unidades pagadoras cerca de 4.200 Auditores-Fiscais da extinta Secretaria da Receita Previdenciária e 5 mil servidores integrantes da Carreira do Seguro Social. O maior desafio foi continuar o nosso trabalho com qualidade, considerando o grande aumento da carga de trabalho sem ter recebido reforço no quadro funcional. Recentemente, nas trocas de comando da Receita, outro grande desafio foi continuar desenvolvendo todas as atividades de gestão de pessoas e atender as novas demandas dos atuais dirigentes.  Em todos esses momentos a dedicação e a serenidade foram fundamentais para o alcance dos objetivos determinados.

Sindifisco Nacional – O fato de a senhora ser mulher é ou foi uma dificuldade para a ascensão na sua vida funcional?
AX
– De jeito nenhum, até porque a ascensão funcional depende, principalmente, da competência do servidor, assim como do conhecimento adquirido ao longo da vida funcional.

Sindifisco Nacional – Como administradora a senhora encontra dificuldades para se fazer ouvir, já que a grande maioria dos cargos é ocupada por homens?
AX –
Não, como disse a competência e o conhecimento são fundamentais. O fato de ser mulher às vezes pode ajudar na forma como a informação é passada. Em nossa área, sempre somos pautados no que é estabelecido na lei. Muitas vezes a resposta não agrada, mas a forma como ela é dita favorece a aceitação.

Sindifisco Nacional – Como conciliar a vida profissional com a pessoal?
AX –
Está difícil, atualmente. Quando o trabalho exige uma dedicação maior, a família acaba sendo sacrificada. A forma para conciliar é estabelecer limites, como não levar trabalho para casa, por exemplo. No entanto, nem sempre conseguimos colocar em prática o que desejamos fazer. Tenho metas pessoais estabelecidas, entre elas voltar a tocar violão e fazer pilates, que ainda não consegui cumprir. Minha expectativa é conseguir iniciá-las em 2010.

Sindifisco Nacional – Qual a sua avaliação a respeito do ingresso da mulher no mercado de trabalho, especialmente na carreira de Auditoria Fiscal?
AX-
Essa conquista no mercado de trabalho, especialmente, na Carreira de Auditoria da RFB, já está consolidada. Mas precisa ser bem equalizada para que não implique o sacrifício da família.  O fato de a mulher conseguir lidar com três, quatro tarefas ao mesmo tempo faz com que assuma cada vez mais responsabilidades e, nesse sentido, o cuidado deve ser redobrado para que não haja prejuízo na área profissional nem na pessoal.

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