Auditora aposentada não abandona a Classe
A Auditora-Fiscal aposentada Magalita Guasti Miguel Pereira iniciou-se no trabalho de fiscalização em 1981, no Rio de Janeiro. Ao longo de sua trajetória de Auditora-Fiscal, chegou a ocupar o cargo de chefe de grupo na 3º RF (Região Fiscal). Magalita se aposentou em 1995, mas não abandonou a Classe. Foi vice-presidente da Afiperj (Associação dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil do Rio de Janeiro), duas vezes presidente do Sindifisp/RJ e presidente da mesa diretora do Conselho de Representantes da Fenafisp. Para ela, é uma honra muito grande ter sido escolhida para representar a Auditora-Fiscal aposentada na semana em que nossa Entidade Nacional vai homenagear as mulheres Auditoras pela passagem do Dia Internacional da Mulher.
Sindifisco Nacional – O que a motivou a ingressar na carreira?
MG – Para falar de minha atividade profissional como Auditora-Fiscal é necessário que eu me reporte ao início de minha carreira como funcionária pública, na Previdência Social, onde ingressei por concurso público, ainda bem jovem, e onde aprendi a conhecer e a respeitar aquele Órgão como um dos mais importantes da administração pública brasileira. É bom que se recorde que durante muito tempo a Previdência Social não só arrecadou contribuições e pagou benefícios como também prestou assistência médica a grande parte da população brasileira. Assim, em decorrência de muitos anos em serviços administrativos na área de seguros sociais, fiquei motivada a prestar concurso para a área de fiscalização não só para galgar um cargo de maior reconhecimento sócio-econômico dentro da instituição, como também para participar, de maneira mais direta, embora minimamente, para o aumento da contribuição previdenciária, seja através da orientação ou pelo levantamento do débito, se necessário.
Sindifisco Nacional – O fato de a senhora ser mulher foi uma dificuldade para a ascensão na carreira?
MG – Trabalhei como Auditora durante 15 anos, principalmente, na fiscalização externa. Durante esse tempo sempre houve uma relação de respeito e até de amizade em relação àqueles com quem trabalhei e nunca reparei nenhuma diferença de tratamento das chefias entre colegas homens ou mulheres. Se não aceitei ocupar cargos de chefia na Fiscalização foi pela minha total incapacidade, reconheço, de administrar meu tempo entre trabalho, mãe e dona-de-casa. Não por preconceito, mas por fatores culturais, que na época acumulavam as mulheres de atribuições.
Sindifisco Nacional – Qual foi o maior desafio enfrentado no desempenho de suas funções? A senhora reputa a isto o fato de ser mulher?
MG – Foi um período de grande crescimento individual para mim, pois passei a conviver com diferentes ideologias, as quais não aceitei facilmente, mas que ao final me foram de grande valia, reconheço hoje.
Sindifisco Nacional – Como conciliar a vida profissional com a pessoal?
MG – Hoje, a situação da mulher está mais tranquila em relação a isso, pois já existem muitos casais que dividem as responsabilidades com os afazeres domésticos.
Sindifisco Nacional – Enquanto a senhora esteve em atividade na RFB, sentiu algum tipo de discriminação por ser mulher?
MG – Minha maior preocupação profissional não foi com preconceitos contra a mulher que,embora possam existir, pontualmente, são mais difíceis no serviço público onde existem leis específicas de tratamento e comportamento. Mas, sim, com a difícil relação: funcionário-público x Governo, o que me fez participar das atividades sindicais mesmo depois de aposentada.
Sindifisco Nacional – Qual o segredo para se destacar em um ambiente ainda tão masculino como a RFB?
MG – Não vejo nenhuma diferença entre o trabalho realizado pela mulher como Auditora ou em qualquer outra área profissional. Também não sei de nenhum segredo para se ter sucesso em qualquer trabalho, a não ser pela dedicação, pela responsabilidade e, principalmente, por se gostar muito daquilo que se faz.