Dia do Jornalista: sem liberdade de imprensa, não há democracia

O Dia do Jornalista, celebrado nesta quinta (7), é uma homenagem a Líbero Badaró, morto por defender a liberdade frente ao absolutismo do século XIX. Quase 200 anos depois, o Sindifisco Nacional convida seus filiados a uma reflexão sobre o papel, nos dias de hoje, de uma categoria fundamental para qualquer democracia, bem como sobre os atuais desafios por ela enfrentados.
Vivemos em uma era em que a desinformação atravessa continentes em questão de segundos. Sem o devido senso crítico, e com a opção de “encaminhar” ao alcance de um clique, todo leitor/espectador está sujeito a ser instrumento para interesses escusos de alto e instantâneo poder destrutivo. Seja por estratégias bem elaboradas, seja por postagens despretensiosas, assassinam-se reputações, muda-se o rumo de eleições.
É neste contexto que o Sindifisco Nacional saúda e parabeniza os profissionais que praticam o jornalismo ético e responsável. Ou que, pelo menos, tentam, pois, como se sabe, nem sempre é esse o propósito do patrão. Nós, Auditores-Fiscais da Receita Federal, temos sentido na pele, como poucos, tanto o valor da verdade bem informada quanto o peso da desinformação, adotada, felizmente, por uma parcela mínima da imprensa.
Veículos de todas as regiões do país, de mídia falada ou escrita, transmitiram à sociedade, nas últimas semanas, os fatos sobre nossa mobilização. O jornalismo brasileiro é, diariamente, nosso porta-voz na tentativa de sensibilizar um interlocutor que optou por se calar, fechar os olhos e tapar os ouvidos para o diálogo. Reportagens regionais e nacionais revelaram a todos os brasileiros a magnitude do nosso trabalho, que o atual governo insiste em ignorar.
Tal postura não difere do comportamento de quem nutre notório apreço por intimidar jornalistas. Por trás do discurso em nome da liberdade, encontram-se assombrosas semelhanças à intolerância que vitimou, em 1830, o médico e jornalista Líbero Badaró. Com frequência, entrevistas são tomadas por um discurso agressivo, algumas contendo ameaças relacionadas à concessão pública para emissora de televisão.
Respeitar o contraditório é a base da democracia. Afinal, como disse Millôr Fernandes, “jornalismo é oposição; o resto é armazém de secos e molhados”. No pano de fundo da célebre frase, está uma semelhança com nosso cargo. Somos fiscais do sistema tributário, assim como os jornalistas são fiscais dos governos e do Estado, inclusive de nós. Faz parte do jogo democrático.
Esse respeito à diversidade de opiniões, independentemente de concordância, dá o tom também da estrutura interna do Sindifisco Nacional. Temos jornalistas em nossa Diretoria de Comunicação, em Brasília, e em grande parte das mais de 80 Delegacias Sindicais. O site do Sindifisco, o boletim diário, as publicações impressas e os demais espaços informativos da entidade são um canal aberto para a total diversidade de manifestações. As notícias advindas das Delegacias Sindicais não esbarram em censura e são veiculadas de forma íntegra e fidedigna aos mais de 21 mil filiados.
A lição que tiramos de tudo isso é que, quando respeitamos o jornalismo, não o fazemos somente pelos profissionais que o exercem, mas, sobretudo, em respeito a quem depende das informações apuradas. Com isso em mente, o Sindifisco Nacional, em nome dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, cumprimenta, neste 7 de abril, todos os sucessores de Líbero Badaró, Millôr Fernandes e outros tantos inscritos na história da imprensa brasileira.
Que não lhes falte a coragem necessária ao enfrentamento a atitudes antidemocráticas e autoritárias. E que o ambiente para o cumprimento deste nobre ofício seja menos hostil daqui em diante.
Parabéns, Aline Matheus, Carolina Augusta, Danielle Santos, Jésus Mosquéra, Joana Marins, Márcia Carvalho, Tarciano Ricarto e todos os jornalistas a serviço da Direção Nacional, de nossas Delegacias Sindicais e de todos os veículos de comunicação do país.