Mantega blefa sobre prejuízo às finanças públicas com reajuste para servidores
Conversa fiada. Assim o Sindifisco Nacional avalia a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, publicada no Correio Braziliense de sexta-feira (2/12). Segundo o ministro, reajustar os vencimentos dos servidores seria a única causa de preocupação do governo em relação à sanidade das contas públicas e não a crise econômica que assola a Europa.
"O equilíbrio fiscal do Brasil não é algo garantido. Ele precisa de gestão permanente. Por isso, é fundamental conter aumentos de despesas vindas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. O perigo está aqui dentro", afirmou o ministro ao Jornal.
O Sindifisco entende que a afirmação do governo não passa de uma estratégia para desmotivar os trabalhadores do setor público que são tão responsáveis pela estabilidade do país quanto as ações do governo.
Culpar os servidores pelo desequilíbrio das contas da União é um recurso antigo, adotado ano após ano pelos governos. No entanto, a análise de poucos números deixa claro que a questão é de prioridade. Basta citar os bilhões de reais que são gastos na rolagem da dívida. Em outubro deste ano, a DPMFi (Dívida Pública Mobiliária Federal interna) somou R$ 1.732,62 bilhões. O custo mensal desta dívida, ou seja, o que o governo gasta para rolá-la, é de R$ 201,5 bilhões. No entanto, para o ministro, isso não quebra o país. O que inviabiliza a política econômica da nação são os servidores. É preciso ser muito inocente ou desinformado para acreditar nessa política do terrorismo.
Tão injusta quanto a declaração do ministro, é a disposição de deputados de incluírem no Orçamento 2012 a previsão de reajuste apenas para os trabalhadores do Judiciário e do Ministério Público. Emendas que totalizam R$ 2 bilhões foram apresentadas com este propósito.
O Sindifisco Nacional entende que os trabalhadores do setor público, sejam eles do Executivo, Legislativo ou Judiciário, têm dado repetidas demonstrações de comprometimento com o Estado e merecem uma contrapartida do governo.
No caso dos Auditores-Fiscais, carreira típica de Estado e vital para a sanidade das contas públicas, 2012 será o segundo ano consecutivo sem nenhum reajuste. A categoria já demonstrou compreensão em relação à conjuntura do país. Agora é o momento de se fazer justiça e recompensar a Classe com aquilo que ela merece e tem direito. Chega de conversa fiada. O verdadeiro perigo com o qual Mantega deveria se preocupar é com a desmotivação do quadro de trabalhadores do setor público em geral, e dos Auditores-Fiscais em particular. Isso sim pode ser extremamente prejudicial para a nação.