Caso Sevilha: Auditores são convocados para acompanhar júri
Fachada do prédio da Justiça do Trabalho, em Maringá, onde os acusados por matar Sevilha estão sendo julgados
Em função da relevância do julgamento dos acusados pela morte do Auditor-Fiscal José Antônio Sevilha, a Direção Nacional do Sindifisco e o Conselho de Delegados Sindicais estão convocando Auditores-Fiscais de todo o país para acompanhar a sessão do júri popular que começou na terça (3), em Maringá (PR), onde ocorreu o crime há quase 15 anos.
É fundamental que um maior número de representantes da classe esteja presente ao julgamento, já que todos os Auditores aguardam por uma punição exemplar aos responsáveis por matar Sevilha. Isso porque, segundo a linha investigatória, o crime foi uma retaliação ao seu exercício funcional como autoridade tributária.
Quem se dispuser a acompanhar o julgamento terá suas despesas de passagem e hospedagem bancadas pelas Delegacias Sindicais. Por sua vez, a Direção Nacional ficará responsável pelo deslocamento de cinco outros Auditores-Fiscais.
Os interessados devem procurar suas respectivas DS, e, por sua vez, os presidentes dessas DS devem entrar em contato com o presidente da Delegacia Sindical de Maringá, Jânio César Cordeiro, que coordenará todo o processo.
Delegado da Polícia Federal Ronaldo Carrer (ao centro) chega para depor
Terceiro dia de julgamento – O delegado da Polícia Federal Ronaldo Carrer, considerado peça fundamental no julgamento dos acusados pela morte do Auditor-Fiscal José Antônio Sevilha, começou a depor na tarde desta quinta (5). O júri popular começou na terça (3) e está sendo realizado pela 3ª Vara da Justiça Federal de Maringá, no prédio da Justiça do Trabalho da cidade.
Carrer explicou que à época do assassinato, ocorrido em setembro de 2005, ele era delegado-chefe da PF em Maringá e estava em casa quando foi informado do crime. “Tinha contato com Sevilha por causa da aproximação da Polícia Federal com a Receita Federal no trabalho de repressão. Já tínhamos feito operações em conjunto. Ele era um homem extremamente rigoroso nas fiscalizações, e logo se cogitou que a morte pudesse estar relacionada à atuação dele”, explicou.
Nos primeiros dias após o crime, foram apontadas seis linhas de investigação. Quatro foram rapidamente descartadas. Permaneceram no foco das hipóteses o trabalho que o Auditor desempenhava em relação às empresas que atuavam no Porto Seco de Maringá e o trabalho de fiscalização de sacoleiros.
A investigação constatou que, para o dia seguinte à morte do Sevilha, havia uma reunião marcada por ele para entregar documentos ao Ministério Público Federal e solicitar apoio à PF. A documentação dizia respeito à empresa Gemini, pertencente a Marcos Gottlieb, acusado de mandante do assassinato.
O delegado também contou que, além disso, a inteligência da Polícia Federal recebeu a informação de que sacoleiros estariam planejando o assassinato de três Auditores do Paraná.
No entanto, com o avanço da investigação, os policiais concluíram que as duas linhas de trabalho, na verdade, conduziam a uma única. E ela interligava personagens relacionados ao empresário Gottlieb, inclusive Fernando Ranea, que também está no banco dos réus, apontado como executor.
Na primeira tentativa de realizar o julgamento de três dos cinco acusados pela morte de Sevilha, em agosto do ano passado, o depoimento do delegado Ronaldo Carrer durou mais de 20 horas. Até o fechamento desta edição, ele estava apenas respondendo aos questionamentos do juiz Cristiano Manfrin.
Depoimento de ex-gerente – O terceiro dia do julgamento dos acusados pelo assassinato do Auditor Sevilha começou com o depoimento de Márcio Mola, ex-gerente comercial da Gemini. Ele foi arrolado pela defesa do terceiro réu, o advogado Moacyr Macedo, com a intenção de atestar que o advogado havia sido contratado por Gottlieb para ser gerente administrativo da Gemini cerca de três meses antes do assassinato e, portanto, não teria conhecimento da intenção do empresário.
Mola relatou o crescimento vertiginoso do faturamento da importadora de brinquedos da Disney, saltando de R$ 30 milhões em 2002 para R$ 74 milhões em 2005. O gerente não soube explicar por qual motivo o depósito da Gemini foi transferido de São Paulo, onde era a sede da empresa, para Maringá. Mas disse suspeitar de vantagens fiscais.
A testemunha também relatou ter ouvido de forma recorrente que o empresário tinha laranjas e que havia furtos de mercadorias na empresa. Sobre a fiscalização da Receita Federal na Gemini, disse ter ouvido comentários. Mas só soube quem era o Auditor responsável após o assassinato.
Marcos Gottlieb chorou durante o depoimento do ex-funcionário, manifestando contrariedade com o que estava sendo dito. Para não serem influenciados, os jurados foram retirados do plenário até que o empresário se recompusesse. E ele foi advertido de que seria proibido de assistir ao julgamento caso se manifestasse novamente.