Duvanier diz que reajuste para Auditores só em 2013
Depois de quatro meses de negociação, o governo anunciou durante reunião com o Sindifisco Nacional, Anfip (Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil) e Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho) realizada na terça-feira (30/8) que não concederá reajuste para os Auditores-Fiscais da RFB (Receita Federal do Brasil) e do Trabalho para os anos 2011 e 2012. O secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, informou aos sindicalistas que, agora, pretende reinaugurar um processo de negociação com as categorias para discutir um reajuste para o ano de 2013.
Pela DEN (Diretoria Executiva Nacional), participaram da reunião o presidente da entidade, Pedro Delarue, juntamente com o vice-presidente, Lupércio Montenegro, e o segundo vice, Sérgio Aurélio Velozo Diniz. Também participou o presidente da mesa do CDS (Conselho de Delegados Sindicais), Ayrton Eduardo Castro.
Segundo Duvanier Paiva, a decisão do governo se baseia na imprevisibilidade da crise mundial, que impede que o governo assuma compromissos de longo prazo. “Há avaliações diversas sobre a crise, não estamos otimistas nem pessimistas, mas o momento exige cuidado”, tentou justificar o secretário.
O presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, afirmou que o sentimento da Classe é de decepção com o governo, que se afirma como sendo dos trabalhadores. Segundo o sindicalista, a política do governo está clara, é de arrocho ao servidor público. “Há uma mensagem deliberada de que essas categorias não são prioridade para o governo. Evidentemente, o sentimento é de frustração entre aqueles que fazem o Estado funcionar, que combatem o trabalho escravo e a corrupção, que aumentam arrecadação do país, e que, em contrapartida, não têm nenhum retorno dos que comandam a nação”, afirmou.
No entendimento do Sindifisco Nacional, o anúncio de 0% de reajuste durante dois anos seguidos é um convite a um enfrentamento com o serviço público. “Vamos fazer esse enfrentamento. O descontentamento começa a partir de agora e vamos sentar novamente nesta mesa em outra condição, na relação entre governo e categorias envolvidas”, alertou Pedro Delaure, no encontro.
O presidente do Sindicato apresentou ainda ao secretário um balanço do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos), que acompanhou 353 negociações do setor privado no primeiro semestre, que aponta que 93% das categorias conquistaram reajustes iguais ou superiores à inflação. Do total, 87% conquistaram aumentos reais de salário. “Diante disso, o governo vem nos dizer que está com dificuldade perante a crise. Ora se há crise seria para todos nós, inclusive para os empresários”, reiterou Delarue.
Na opinião do vice-presidente, Lupércio Montenegro, o anúncio culminou um processo de desrespeito que permeou as reuniões anteriores. “Em nenhum momento, foi apresentada uma contraproposta às nossas reivindicações”, desabafou.
O segundo vice-presidente do Sindicato, Sérgio Aurélio Velozo Diniz, ressaltou que o anúncio de reajuste não condiz com a declaração de aumento do superávit primário e com os constantes recordes de arrecadação.
“O que sabemos é que a arrecadação aumenta cada vez mais, e o governo, por sua vez, está aumentando as metas do superávit. É mais curioso ainda que o governo, que diz não ter recursos para a valorização dos servidores públicos, esteja promovendo medidas de desoneração e devolução de impostos para o empresariado. Isso é contrário ao discurso colocado nesta reunião. Além do mais, parece que o governo da presidente Dilma Rousseff, ao contrário do que sinalizou durante sua campanha e do que foi o governo do presidente Lula, não tem a valorização do servidor público entre suas prioridades de governo”, reiterou Sergio Aurélio.
Os representantes das outras entidades também externaram o sentimento de frustração das bases, que esperavam pela sinalização de qual seria a política do governo Dilma Rousseff para as categorias. Ressaltaram também que as negociações, da forma como foram conduzidas até agora, geraram um ambiente de frustração que é pouco produtivo para o debate.
Antes de concluir suas explicações, Duvanier Paiva, foi chamado para um encontro com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e propôs que os representantes sindicais o aguardassem, mas as entidades preferiram agendar outra reunião, que deverá acontecer em breve.