Auditores ficam retidos no Centro Unificado de São Borja por cerca de 5 horas

Na quinta-feira (19/7), oito Auditores-Fiscais e três Analistas Tributários lotados no CUF (Centro Unificado de Fronteira) em São Borja (RS) foram mantidos em cárcere privado por cerca de cinco horas.

De acordo com o relato do Auditor-Fiscal Alexsander Rodrigues dos Santos, lotado na DRF (Delegacia da Receita Federal) Uruguaiana, mas que está em exercício na Inspetoria de São Borja, uma multidão de caminhoneiros fechou a saída do estacionamento da unidade com corrente e cadeado e disse que os Auditores só sairiam de lá se liberassem todos os caminhões que estavam estacionados no pátio à espera da fiscalização.

Segundo Alexsander, os caminhoneiros estavam com os ânimos bastante exaltados e chegaram a fazer ameaças. “Um representante dos caminhoneiros chegou ameaçar atear fogo na unidade caso as suas reivindicações não fossem atendidas”, salientou o Auditor.

Preocupados com a situação, os Auditores pediram ajuda da força de proteção de fronteira da Argentina, uma vez que o Centro Unificado encontra-se em território argentino e não cabe às autoridades policiais brasileiras atuar na segurança do local. Alexsander relata ainda que dois policiais responsáveis pela ronda da região foram até o local, mas em vez de oferecerem ajuda e proteção, os policiais queriam, assim como os caminhoneiros, obrigar os Auditores a liberar os veículos retidos na fiscalização.

Acuados e desprovidos de proteção policial, os Auditores contataram o responsável pela Inspetoria de São Borja, Auditor-Fiscal André Aladren Taroncher, que também tentou, em vão, negociar com os caminhoneiros. A saída dos Auditores da unidade só foi possível depois que eles entraram em contato com a Delcon (Delegacia de Controle da Ponte da Integração entre o Brasil e a Argentina) e foi enviado reforço policial.

Mobilização – Os Auditores aderiram à operação-padrão da Classe deflagrada em 18 de junho e reclamam da falta de contingente suficiente para atuação no Centro Unificado.

Na sexta-feira (20/7) pela manhã, os Auditores não quiseram voltar ao Centro, mas em reunião com Inspetoria e as chefias foram pressionados a retomar os trabalhos na unidade de fronteira na parte da tarde.

“Nós estamos sendo pressionados a retomar os trabalhos no Centro Unificado, no entanto, a Receita Federal não nos oferece a proteção necessária. Estamos inseguros e com receio de sofrermos retaliações se não voltarmos à unidade de fronteira”, queixou-se Alexsander.

O diretor de Defesa Profissional do Sindifisco Nacional, Dagoberto Lemos, classificou o fato como absurdo. “Essa é mais uma prova da total falta de segurança e estrutura que os Auditores tem de se submeter nas fronteiras do país”.

Dagoberto informou ainda que  DEN (Diretoria Executiva Nacional) já está providenciando o agendamento de uma reunião com coordenador-geral da Coana (Coordenação Geral de Administração Aduaneira da RFB), Auditor-Fiscal Dário da Silva Brayner Filho, para tratar sobre a segurança dos membros da Classe em atuação nas fronteiras do país.

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