Auditores de Brasília são convocados a rejeitar ponto eletrônico
Cerca de cem Auditores-Fiscais participaram das reuniões promovidas pela Direção Nacional nessa quinta (2) e sexta (3) nas unidades da Receita Federal, em Brasília, para tratar do ponto eletrônico. Hoje, a conversa foi com os filiados lotados na superintendência, DRF, DRJ, Cofis, Copei, Coger, Copes, Cocaj, Audit e Asain.
Mais uma vez, o presidente do Sindifisco Nacional, Kleber Cabral, acompanhado de outros integrantes da diretoria, conduziu a reunião alertando os filiados sobre o absurdo que representa a submissão de autoridades tributárias e aduaneiras ao monitoramento eletrônico das jornadas.
“O ponto eletrônico é sem dúvida algo que vai enfraquecer e desvalorizar o nosso cargo, dando início a um processo de ‘barnabenização', em que nos tornaremos servidores burocratas e, no futuro, nossa remuneração também será afetada”, ponderou o presidente do Sindifisco, referindo-se ao termo criado no passado numa referência aos servidores que apenas cumpriam o expediente nas repartições sem compromisso com o Estado.
Kleber reforçou que o projeto piloto do ponto eletrônico deveria ter começado em 2 de janeiro por Brasília. No entanto, não houve orientação por parte da Receita e da Secretaria de Gestão Corporativa (SGC) para o início do projeto. Diante da indefinição, um grupo de Auditores de várias regiões do país participou em Brasília, juntamente com diretores do sindicato, das reuniões em contraposição ao ponto eletrônico.
“Existe uma grande expectativa acerca da reação dos Auditores de Brasília, porque o que acontecer aqui servirá de espelho para o restante do país. Precisamos que haja unidade de ação. Pedimos que, quando o sistema for implantado, ele seja ignorado. Continuem atuando como sempre fizeram, e os sistemas que já existem vão comprovar que o trabalho está sendo feito, independentemente dos registros de chegada e saída”, convocou Kleber.
Para exemplificar como a “desobediência coletiva” pode render resultados positivos, o presidente do Sindifisco lembrou que há cerca de dez anos, em São Paulo, a administração impôs a utilização de crachá para acessar os prédios da Receita, recusando a carteira funcional. “Isso criou um grande descontentamento, e ficamos mais de uma semana no saguão do prédio, sem passar pelas catracas. Cerca de cem Auditores. Diante disso, a administração criou um grupo de discussão que concluiu o óbvio: a carteira funcional valia mais que o crachá, o que se aplica até hoje. Ninguém teve o ponto cortado nem sofreu qualquer penalidade. Precisamos repetir a estratégia. Se apenas meia dúzia ignorar o ponto eletrônico, pode até ser que haja alguma consequência. Mas se um grupo expressivo de Auditores se recusarem a adotar o ponto eletrônico, um será a redoma do outro”, analisou.
Ele também destacou que, nessa fase de projeto piloto para o ponto eletrônico, não há possibilidade, sequer teórica, de impactos remuneratórios. Portanto, é fundamental que a classe manifeste agora seu descontentamento com a ferramenta de monitoramento, por ser incompatível com a natureza do cargo de Auditor-Fiscal.
Kleber também solicitou o engajamento dos chefes, que podem, inclusive, ser os mais prejudicados, tendo em vista que uma das saídas apontadas pela administração é a ampliação dos programas de gestão, com o incremento do teletrabalho e do trabalho semipresencial.
“Os chefes correm o risco de serem os únicos a ficarem nas repartições batendo ponto, já que não podem aderir aos programas de gestão. Quem vai querer ser chefe assim?”, provocou.
Os Auditores que participaram das reuniões demonstraram estar em concordância com os argumentos apresentados pela Direção Nacional. Novas reuniões devem ser marcadas para a próxima semana.