Ato público: Sindifisco Nacional e DS/Franca se unem à família do Auditor para cobrar a manutenção da prisão do acusado pelo assassinato

Um ato público está marcado para esta sexta-feira (21), em frente ao Fórum de Franca, às 15h, contra a soltura do dentista Samir Moussa, acusado pelo assassinato do Auditor-Fiscal Adriano William Oliveira. O Ministério Público e o advogado contratado pelo Sindifisco Nacional para atuar como assistente de acusação no processo, Clóvis Volpe Filho, vão entrar com recursos contra a decisão.
A decisão da soltura pegou de surpresa o Sindifisco Nacional e a Delegacia Sindical de Franca. Isso porque, há cerca de três semanas, o juiz responsável pela Vara do Júri de Franca havia se contraposto a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça que havia determinado a soltura do acusado.
À época, o magistrado entendeu que o acusado colocaria em risco a instrução do processo. Diante disso, a expectativa era que Samir Moussa ficasse preso até o julgamento pelo Tribunal do Júri. No entanto, na última segunda (17), o magistrado apresentou a decisão de pronúncia e deliberou pela liberdade do dentista, afirmando que não existem mais razões para a prisão preventiva. “A decisão da soltura é absurda e completamente sem fundamentação. O juiz contradisse uma decisão que ele mesmo proferiu e não explica porque não subsistem mais as razões da prisão”, avaliou Clóvis Volpe Filho.
“Estamos muito indignados. Vamos recorrer por meio do assistente de acusação. A mãe de Adriano tem mais de 80 anos e está muito abalada. Vamos buscar justiça”, afirmou o presidente da DS/Franca, Auditor-Fiscal Luciano Augusto da Silva.
O ato público convocado pela família do Auditor, com apoio da DS/Franca, tem o objetivo de sensibilizar a opinião pública e reforçar o pedido pela manutenção da prisão. Em carta que está sendo divulgada na internet, familiares denunciam a indignação diante dessa decisão judicial e com as leis do país. “Mesmo após toda essa tragédia, ainda há espaço para mais dor. Recebemos a notícia da soltura do assassino do meu pai. Se a prisão é incapaz de reparar qualquer aflição, certamente garante um pouco de proteção à família e demonstra para a sociedade que existe justiça e que o crime não compensa. Infelizmente, não é isso que está acontecendo”, cita o trecho da carta.
A carta, assim como um vídeo produzido como convocação para o ato, detalha a crueldade e a premeditação do crime. “A circunstância de ter atirado várias vezes à queima roupa, impossibilitando a defesa; a circunstância da arma ter sido escondida; o fato de ter confessado a conduta criminosa; de ter praticado o fato por emboscada e em via pública; de ter mentido e mantido conluio com testemunha; de ter perseguido a vítima meses antes do crime; de simular um suicídio dentro da prisão… Nada disso importou. Todas essas circunstâncias não são suficientes pelos olhos do judiciário. Em suma, para a família, a mensagem que fica é o sentimento de indignação e de impunidade”, cita a carta.
O filho do Auditor, Yan Castro de Oliveira, teme que com o dentista solto os advogados de defesa tentem retardar o julgamento. Para que isso não aconteça, a família aposta na pressão popular a partir do ato público desta sexta. “Queremos clamar por Justiça. Acreditamos que uma pessoa que escondeu a arma, foi filmado, simulou suicídio, o que foi comprovado nos autos, não poderia estar solta. Quanto mais tempo passar, mais tempo teremos um assassino confesso nas ruas. Uma pessoa que atingiu um Auditor-Fiscal da Receita Federal e não se intimidou”, afirmou.
De acordo com Yan, o pai tinha muito orgulho de ser Auditor e sempre manifestava isso publicamente. “Esse crime atacou a Receita, a sociedade e a família, que agora está desamparada”, completou.
O crime
O Auditor-Fiscal da Receita Federal de Franca Adriano William Oliveira foi assassinado na noite do dia 12 de março quando saía de um bar e entrava em seu carro. De acordo com a investigação policial, Adriano foi vítima de uma emboscada planejada por Samir Moussa por manter um relacionamento amoroso com a ex-mulher do dentista. Em dezembro de 2021, o Auditor havia registrado um boletim de ocorrência na delegacia, ao perceber que estava sendo seguido por Samir Moussa.
Atualmente, a mulher que teria sido o pivô do assassinato também está sendo investigada. O assistente de acusação descobriu que, instantes antes do crime, ela falou com o acusado, o que se repetiu após a morte do Auditor. No entanto, em depoimento os dois negaram ter se falado no dia do ocorrido. A investigação quer saber se ela contribuiu de alguma forma para o assassinato.