Para psicóloga, refletir sobre a realidade da atividade profissional é o primeiro passo para enfrentar conflitos

Refletir sobre os problemas enfrentados no trabalho e buscar formas coletivas para enfrentar essas situações podem não ser remédios infalíveis, mas são a melhor maneira de enfrentar o desconforto na atividade profissional. A opinião é da psicóloga do trabalho Maria Cristina Moreno Matias, palestrante do seminário “Segurança no Trabalho Fiscal”, que está sendo realizado pela DEN do Unafisco e pela DS/Maringá (PR).

A psicóloga, professora da Universidade Estadual de Londrina, explica que diversos fatores contribuem para o sofrimento psíquico decorrente das relações com o trabalho. Entre eles, ela cita as relações hierárquicas, a remuneração e a natureza da atividade. “Se o seu trabalho já está prescrito de tal maneira que não há espaço para que você imprima nele a sua marca, a conseqüência é a frustração e a falta de motivação.”

Pesquisa – Embora não haja um estudo sobre os AFRFs, uma pesquisa realizada em 1997 com os fiscais da Fazenda Estadual do Paraná pode fornecer algumas pistas sobre as principais queixas de quem trabalha na área. Cristina Matias relata que, entre os pesquisados, era comum o desconforto com o caráter rotineiro das atividades, que fazia com que os fiscais paranaenses se sentissem subutilizados.

Outro dado interessante é que, entre os participantes da pesquisa, era comum a pouca disposição para se apresentarem como fiscais fora do ambiente de trabalho.

Organização – Para a psicóloga, a ausência de pressão na atividade profissional é impossível. “Num certo nível, é a pressão que mobiliza, que motiva as pessoas.” Ela lembra, porém, que, quando o desconforto se instala, é preciso refletir, “colocar o dedo da ferida”.

Cristina Matias alerta para a armadilha dos chamados mecanismos de defesa, que levam o indivíduo a escamotear e mesmo a negar as situações de sofrimento no trabalho. “Existe sempre a tentação da saída individual, mas ela não resolve o problema. É essencial lembrar que todas as melhorias introduzidas no mundo do trabalho, ao longo dos últimos séculos, foram conquistas da ação coletiva.”

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