Data marca sete anos da chacina de Unaí
Nesta sexta-feira (28/1), o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. No entanto, embora o governo tenha registrado uma significativa redução no trabalho análogo à escravidão, o dia ainda não é de comemoração. Isto porque a data marca a chacina de três Auditores-Fiscais do Trabalho e um motorista do Ministério do Trabalho, quando apuravam denúncia de trabalho escravo na zona rural de Unaí, Minas Gerais.
Passados sete anos do crime que chocou o país, as mortes dos Auditores-Fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e do motorista Ailton Pereira de Oliveira continuam impunes. Dos nove acusados, entre mandantes e executores, quatro estão soltos. Entre eles os irmãos Antério Mânica e Norberto Mânica. Apesar da acusação, em 2004, Antério foi eleito prefeito de Unaí e reeleito em 2008.
Existe a expectativa de que o julgamento ocorra este ano. No fim de dezembro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou pedido de anulação, feito por dois acusados, da decisão que os levará a julgamento. O processo está pronto para retornar a Minas Gerais.
O Sindifisco Nacional lamenta primeiramente a morte de trabalhadores em pleno exercício de suas funções. E também lamenta a impunidade, por entender que a morosidade da Justiça, em casos como esses, encoraja a ação de pessoas como os mandantes da chacina.
O fato é que a equipe de fiscalização do MT, ao desempenhar suas atribuições em defesa do Estado, estava contrariando os interesses dos detentores do poder político e econômico. Muitos Auditores-Fiscais da RFB (Receita Federal do Brasil) já sofreram o mesmo tipo de retaliação e infelizmente poucos criminosos foram presos.
A DEN (Diretoria Executiva Nacional) espera que a passagem da data sirva para sensibilizar os órgãos competentes para, de forma definitiva, punir os culpados e fazer a justiça esperada pelas famílias das vítimas e por toda a sociedade. Só então, poderemos comemorar de fato o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.